Ser mais sustentável no dia-a-dia: como começar

ser mais sustentável

Ser mais sustentável é um objectivo de quase todas nós. E ainda bem. É um tema cada vez mais recorrente na comunicação social, empresarial e até nas minhas conversas de amigas.

É um daqueles temas que toda a gente concorda que são importantes. Em todos os inquéritos que tenho visto e em conversa, as pessoas da minha geração dizem que se preocupam com o ambiente, que gostavam de ser mais sustentáveis. Só que daí a efectivamente serem vai um grande salto.

Este artigo é a confissão das minhas falhas no campo da sustentabilidade e uma tentativa de encontrar um caminho simples para começar.

Ser mais sustentável: a minha história

Tenho estado péssima. Não em geral, #avidamelhoraaos30, mas no campo da sustentabilidade. Com a chegada dos bebés e outras ocupações que arranjei para mim própria, até regredi. Já reciclava, mas agora nem isso tenho feito.

E irrita-me. Sobretudo quando vejo a quantidade de lixo que geramos no dia em que chegam as compras do supermercado. E também porque sinto que estou a ficar para trás. Já nem é moderno ser descuidada neste campo.

Aqui ficam algumas das minhas falhas no último ano:

  • Compro roupa em cadeias fast fashion para mim e para os miúdos (para ser sincera, a minha relação com a fast fashion é como aquela frase do S. Agostinho: “tornai-me pura e casta, mas não já”)
  • Não tenho reciclado
  • Para festas para muita gente lá em casa, comprava “loiça” descartável
  • Às vezes, vou ao supermercado e esqueço-me de levar um saco reutilizável
  • No supermercado, uso os saquinhos de plástico transparente para a fruta
  • Temos brinquedos de plástico (embora também de madeira e muitos livros)
  • Ia de carro para o escritório todos os dias
  • Não temos escovas de dentes de bambu e eu para já não tenho energia para investigar como se usa um copo menstrual
  • Comemos carne de vaca (não muita, mas 1 ou 2 vezes por semana)
  • Não compramos nada a granel
  • Às vezes, uso o forno só para aquecer os douradinhos
  • Desmaquilho-me com discos de algodão

Yikes.

Ainda é demasiado difícil ser mais sustentável?

Eu aqui tenho uma opinião que talvez seja polémica para alguém mais sustentável que eu. Mas eu acho que, para sermos todos melhores, tem de haver mais incentivos. “Então, não destruir o planeta para os teus filhos não chega?”. Sinceramente, sim e não.

Na nossa geração, não acho que seja uma questão de não nos preocuparmos. A grande maioria de nós preocupa-se e estaria até disposta a fazer um esforço para ter comportamentos mais sustentáveis. Mas a vida já é suficientemente complicada para eu ter de aprender a usar o bidé.

A verdade é que é isto que as estatísticas reflectem. Eu até quero ser melhor. Mas ainda me dá demasiado trabalho. Por isso é que as pessoas aderem àquelas campanhas que praticamente são só greenwashing. Uma marca diz que aquele produto é “verde” ou “eco” e, mesmo que seja só 1% melhor e um pouco mais caro, nós compramos esse, porque é uma escolha fácil.

Acho que o desafio vai ser tornar estas decisões fáceis para o consumidor. As empresas/Governos ainda têm de avançar muito neste campo. Claro que isto não invalida que os consumidores façam o seu voto com euros e premeiem os negócios que são mais sustentáveis. Mas é uma questão de conveniência.

No meu caso, acho que eu tenho de melhorar e que os incentivos têm de melhorar. São as duas coisas a falhar.

Quais são os benefícios de viver de forma mais sustentável?

Mais do que benefícios, acho que todas concordamos que é um imperativo. Só que imperativo também peca por ser uma causa grande demais, não é? Conversa entre duas amigas minhas: “Devias deixar de fumar. Diz aqui que fumar causa celulite”. “Se eu deixar de fumar é por causa do cancro, não pela celulite”.

Só que às vezes a celulite ajuda, não é? Porque está logo ali, à vista imediata, a irritar. O cancro é realmente mais preocupante, mas é uma mera possibilidade no futuro.

Ou seja, que benefícios digamos, mais fúteis, de adoptar um estilo de vida mais sustentável é que existem?

Ainda não estudei o suficiente, mas diria que se poupa dinheiro. Sei que há grandes discussões mas, da forma que eu vejo, se consumirmos menos, gastamos menos. Ainda que porventura alguns produtos sejam mais caros, outros um investimento. Reduce, reuse.

Para além do dinheiro, estes movimentos à volta do minimalismo também são intuitivos para mim. Permite-nos focar a nossa energia, tempo e outros recursos no que realmente interessa. Faz-nos estar mais presentes e ligados ao que nos rodeia. Acho que ser mais minimalista melhora a nossa vida e é algo em que tenho trabalhado.

Quais são os obstáculos para viver de forma mais sustentável?

Aqui vão os principais obstáculos que tenho identificado em mim ou noutras pessoas.

Falta de conveniência

Já expliquei, mas é muito importante. Até posso estar disposta a pagar mais, ou a consumir de determinadas lojas. Mas chega a um ponto em que esbarra na conveniência.

Desinformação ou falta de informação

Aqui é tramado, porque há temas complexos, cuja reposta não pode ser um sim ou não directo. E isso dificulta, claro.

Preconceito

Às vezes eu própria, nem sei porquê, associo ser mais sustentável a comer lentilhas. Sem querer. E até me considero informada. Também há quem ache que sai mais caro, por exemplo.

Ficar à espera que os outros resolvam

Típico. Mas pronto. Somos um bocado humanos, não é? Ficar à espera que todo o mundo (pessoas, empresas, Governos) mude, para então eu aderir. Temos de dar o desconto e aprender a lidar com isto.

Relativizar

Por muito que na Europa reduzamos os impactos, o contributo negativo da China e da Índia mais do que compensa. Tento não usar isto como desculpa, até porque não nos tira responsabilidade para fazer o melhor que sabemos. Mas está lá.

Passos simples e realistas para ser mais sustentável no dia-a-dia

Por isso, aqui fica uma lista de pequenas melhorias que considero fáceis de implementar. Algumas já tenho conseguido, outras espero conseguir.

  • Compra menos coisas: É o primeiro “R” da sustentabilidade: Refuse. E faz-me sentido. Antes de andarmos preocupadas a fazer separação de resíduos e coisas do género, comprar menos.
  • Leva sacos recicláveis para o supermercado: Esta aqui considero “os mínimos”.
  • Não compres garrafas de água: Era uma coisa que fazia muito, mas que é realmente desnecessária hoje em dia. Há muitas alternativas e não dá assim tanto mais trabalho.
  • Dá preferência aos produtos locais.
  • Sê mais eficiente e poupada no uso da água e do gás em tua casa.
  • Mantém-te informada sobre o tema: para algumas de nós, isto pode ser ver um documentário ou entrevistas ou blogs. Eu queria começar por ler este livro.


E tu? Em que fase do teu caminho para a sustentabilidade estás? O que sentes que te ajudaria a ser melhor?


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2 comments

  1. Olá! Bom artigo

    Não sabia que desmaquilhar-se com discos de algodão era algo pouco sustentável. Como isso não é bom? gostaria de saber

    1. Olá! Muito obrigada! Bom, os discos de algodão que eu uso são descartáveis, por isso acabam sempre por representar desperdício. Tenho visto algumas pessoas nas redes sociais a usar discos reutilizáveis feitos de tecido, por exemplo, que depois lavam na máquina de lavar.
      Beijinho, Francisca

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