Sara Blakely: as melhores lições de negócios que aprendi

Sara Blakely

Se calhar já ouviste falar da marca Spanx. Ou então já a viste como “tubaroa” no programa Shark Tank americano. Mas a Sara Blakely não é assim tão conhecida em Portugal. Apesar disso, tinha motivos para ser. Em 2012, tornou-se a mais nova bilionária self-made do mundo.

Tive a sorte de me cruzar o ano passado com uma Masterclass da Sara Blakely. É uma espécie de curso online. Em algumas aulas de poucos minutos, ela resume tudo o que aprendeu até agora sobre empreendedorismo, criar um negócio, gerir uma equipa, entre outras coisas. Até parece fácil.

A parte interessante é que muitas destas ideias podem ser usadas mesmo que não tenhas uma empresa. Muitas delas aplicam-se a qualquer ideia ou iniciativa ou sonho que possas ter. Vamos a isso?

Quem é a Sara Blakely?

As grandes histórias têm uma certa componente de mito. A J. K. Rowling a ter a ideia para o Harry Potter numa viagem de comboio, o Newton a levar com uma maçã na tola. No caso da Sara Blakely, o mito de que transformou 5.000 dólares de poupanças num império enquanto vendia faxes porta-a-porta contribui para a magia.

Sempre manteve o controlo de 100% da empresa, nunca precisou de fundos alheios. Para além disto, é casada, tem 4 filhos, para quem faz panquecas ao fim-de-semana. (Eu vejo no Instagram, enquanto estou de pijama a comer cereais e a pensar que rumo é que vou dar ao meu Sábado).

Recentemente, durante a quarentena, emprestou o seu vestido de noiva a noivas afectadas pela pandemia. É daqueles exemplos que quanto mais tem, mais dá, o que também é inspirador.

Basicamente, é uma girl boss que tens que conhecer.

As melhores lições de negócios da Sara Blakely

Nesta Masterclass, ela fala sobre muita coisa mesmo, desde como produzir um produto em fábrica, fazer um protótipo, marketing, recrutamento. Mas algumas das melhores lições de negócios (e de vida) são mais transversais.

Não te esqueças do porquê

Tens de ter um propósito. E esse propósito tem de ser maior que tu. Não pode acabar no teu ego. Como sabes qual é o teu propósito?

It’s the intersection of what do you enjoy, what are you good at and how do you want to serve the world.

Sara Blakely

Pergunta-te constantemente “porquê”. Em todos os contextos. Por que é que alguma coisa funciona ou não funciona. Por que é que te sentes de uma determinada forma ou falhaste ou tiveste sucesso. Ad eternum.

E escolhe um porquê para o teu projecto que seja maior do que tu. Que contribua. Que tenha mais algo ou alguém em mente. Em particular, ela sente e vê-se que acredita realmente que está a ajudar as mulheres, facilitando a sua vida.

It’s amazing what you will find yourself able to do when you make your journey about something bigger than yourself.

Sara Blakely

Presta atenção às tuas ideias

As ideias são preciosas. Dá-te espaço e silêncio para elas aparecerem. Qual é o contexto em que tens mais ideias? Ela metia-se às voltas no carro durante uma hora. Para mim, acontece muito no banho. Onde é que a tua mente espairece? Onde é que não está à volta da to-do list e se deixa ir para sítios inesperados? Se isto nunca te acontece, tem de passar a acontecer.

Ideas are gifts from the universe.

Sara Blakely

Não as desperdices, não as percas. Aponta tudo. Às vezes estou a conduzir e tenho uma ideia e vou a repeti-la em voz alta até ao semáforo seguinte, para poder anotar. Já perdi tantas ideias que podiam ter sido “geniais”. As notas do meu telemóvel são o caos. E não partilhes ideias só para obter validação, sobretudo no início e sobretudo junto de pessoas que gostam de ti. Elas vão tentar proteger-te e matar a ideia. Compete-te proteger e alimentar a ideia. Se a partilhares, que seja estrategicamente, para a fazer crescer.

Redefine falhanço

Ao jantar, enquanto cresciam, o pai da Sara Blakely perguntava “em que é falharam esta semana?” E ficava desapontado se ela não tivesse falhado em nada. Assim, falhar deixou de ser o resultado, passou a ser não tentar.

E muitas vezes o falhanço é também uma forma de o mundo te mostrar (ou de tu perceberes) que o caminho não era por ali. Por exemplo, ela chumbou num exame que lhe permitiria ser advogada e foi graças a isso que seguiu outro caminho.

Visualiza o sucesso

Outro tema que dá pano para mangas. Visualização. Manifesting, também relacionado. Há algo no teu subconsciente que te vai levando para aquilo que tu visualizas. Se não souberes o que queres, nunca vais lá ter. Sê específica. Os atletas imaginam-se a ganhar competições. Ela imaginou-se a trabalhar para si própria, a inventar um produto que conseguisse vender a imensas pessoas, que gerasse dinheiro mesmo que ela não estivesse lá.

Pensa como um consumidor

A única coisa que ela queria era usar calças brancas que ficassem elegantes. Depois de ter a ideia, descobriu que as pessoas que faziam roupa interior para mulheres eram homens. Por que raio é que não podia haver um produto que fosse confortável mas que realmente disfarçasse tudo o que queres disfarçar?

I started Spanx as a frustrated consumer.

Sara Blakely

Honra o “feminino”

Desde que criou a empresa, ela era a única mulher num grupo de peers do mundo dos negócios. E todos achavam meio ridículo quando dizia coisas do estilo “vou pedir uma ideia ao universo”. Mas, mais tarde ou mais cedo, todos eles acabaram por reconhecer que ela era a que tinha mais sucesso.

“Business is war” foi uma das frases que a espantou no início. Ela não queria ir para a guerra! Não tem de ser tudo “masculino”, nesse sentido agressivo, de derrotar, vencer, dominar. Também há espaço para pedir, agradecer, ouvir.

E o equilíbrio entre a energia masculina e feminina é o ideal. Mas, diz ela, até agora, o mundo dos negócios tem sido muito mais masculino. E ela provou que é possível ter sucesso honrando o feminino. Convivendo com a vulnerabilidade, num espírito colaborativo e de abundância, sem interesse em aniquilar a concorrência. E não tratando esta “energia feminina” como uma fraqueza. É uma força.

Começa antes de estares pronta

Improvisa. Não fiques à espera de saber tudo. Nem sequer precisas de um MBA para criar uma empresa que vale milhões. Em muitos casos, aquilo que não sabes pode ser uma vantagem. Nunca vais saber tudo. E o que sabes pode limitar-te. Só porque alguém te ensinou a fazer as coisas de uma determinada forma, nem sequer significa que seja a melhor. É possível que sejas mais disruptiva se não souberes o que estás a fazer. O que não sabes é um activo teu. Wow, certo?

Protege o teu tempo

O teu maior recurso é o teu tempo. Dedica-te mais ao mais importante. Contrata as tuas fraquezas, quando puderes. Divide o teu tempo em compartimentos dedicados às tuas prioridades. Por exemplo, ela tem um dia da semana em que só pensa em ideias de produto, outro em estratégia. Vais saber que está a correr bem se chegas ao fim do dia e passaste a maior parte do tempo a fazer aquilo que fazes melhor.


E tu? Identificas-te com alguma das lições da Sara Blakely?


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4 comments

  1. Gostei muito deste post. Inspirador e educativo. Concordo muito com a ideia de “não deixarmos escapar uma ideia”. Trabalhar uma ideia que é nossa e transforma-la num negócio, num texto ou no que quer que seja é uma experiência incrível porque é produzir algo nosso, é deixar a nossa marca. Já tinha lido sobre isso no livro “A grande magia” (aconselho, acho que podes gostar). Depois há aqui outros pontos que considero importantes como “visualizar o sucesso”, “começar antes de estar pronta” e “proteger o tempo”. Coisas a reter, refletir e por em prática.

    1. Muito obrigada! Já li o Big Magic e tens razão, gostei mesmo muito! É mesmo compensador a sensação de criar algo nosso. E as ideias, pelo menos as minhas, voam com facilidade. Eu gostei muito de a ouvir, porque falou disto de forma muito acessível e com resultados para provar a importância das ideias. Sem dúvida para reflectir e pôr em prática.

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