Revistas femininas: quem são as leitoras?

revistas femininas

Diz-me que revistas femininas compras e eu dir-te-ei quem és.

Segue um resumo do tipo de leitora de algumas revistas femininas vendidas em Portugal.

Vogue/Elle/Máxima

Moda. Fashion. Looks. Trends. Para mulheres que se preocupam com moda, design, tendências e coisas caras em geral. Às vezes inclui um especial acessórios. Especial tendências. Para estas leitoras cada nova estação é uma epopeia de escolhas.

Teoricamente, estas publicações apoiam muito a diversidade. Mas só em editoriais muito específicos. É aquela diversidade em que ocasionalmente aparece alguém com um intervalo nos dois dentes da frente ou uma doença de pele que parece geometricamente desenhada. Mas em geral é tudo muito, digamos, “editorial”. As pessoas não se parecem com ninguém que conheçamos ou que encontremos no supermercado ou no metro ou na missa. Há páginas e páginas de fotografias de moda dedicadas a uma tendência, que ninguém usaria, mesmo que tivesse 1.400€ para gastar numa gabardine.

Activa/Lux Woman

Estas leitoras são um bocadinho mais pragmáticas e down-to-earth que as da categoria anterior. Mas partilham algumas das preocupações e interesses. Ou se calhar têm apenas orçamentos mais pequenos. Digamos que há mais publicidade a perfumes e cosmética do que a alta costura. Diz-me quem te dirige o marketing e eu dir-te-ei quem és.

Podem ter filhos e/ou ser mulheres de carreira, whatever that means. No primeiro caso, gostam de fins-de-semana no Alentejo. No segundo, de sair com as amigas ou ir a Formentera, por exemplo. Têm sempre alguns quilos a perder ou alguma coisa a tonificar para o Verão.

Na capa, aparece uma actriz ou apresentadora, que é entrevistada parcialmente através de um questionário com perguntas do estilo “Ténis ou saltos altos?”. Ou então “Qual é o seu lema de vida?”. Estas mulheres da capa quase sempre vivem a vida com paixão.

Caras/Lux

A leitora destas revistas semanais está habituada a frases do estilo “famosas assumem que não descuram  cuidados de beleza”. Ou “fulana assume que não dispensa a companhia do marido/uma boa feijoada”. Todos os casais aparecem em momentos de “grande cumplicidade”, por vezes “contrariando rumores de separação/infidelidade”. Encaram as situações com “grande naturalidade” e “deixam transparecer alegria”. “Distribuem charme e simpatia” em espaços que “acolhem eventos”. Alguns “exibem uma forma física invejável” enquanto “recarregam baterias” em “praias paradisíacas”. Algumas destas “estrelas” “afirmam-se como modelos em campanhas de lingerie” ou “brilham na inauguração de uma loja”.

Neste mundo, as pessoas têm ocupações vagas (empresária) ou demasiado específicas (criadora de plataformas digitais). São ocupações que não se percebe como permitem manter aquele estilo de vida: ex-manequim, filho/a de fulano/a, influencers, pessoas que apadrinham produtos e/ou causas, ex-mulheres de apresentadores, relações públicas, etc.

Happy Woman

É toda uma outra categoria de revistas femininas.

Estas leitoras têm grande curiosidade sobre o esoterismo. Já foram traídas, ou acreditam que podem ser. Não são indiferentes ao dia dos namorados: ou querem celebrá-lo com a “cara metade” ou querem “ignorá-lo” com as amigas. São modernas, OK? Gostam de spas e de descontos em spas. Gostam de fazer as amigas roer-se de inveja. Querem saber o que os astros lhes reservam. Gostam de ir a sítios cool e trendy. Querem ficar em forma em 30 dias e entender o que passa pela cabeça dos homens. São tentadas por vales de desconto e cupões.

A mulher Happy não vai passar o fim-de-semana fora, faz escapadinhas. E usa termos em inglês quando lhe convém (make-up, ultracool, dating). Quer sentir-se bem na sua pele. Sentir-se sexy. Quer apimentar a sua vida sexual e evoluir na carreira, por esta ordem. E quer saber os cremes que se vão usar em 2020. Gosta de ler sobre tabus ou perversões sexuais. E tarot. E os novos superalimentos. Aprecia testes para perceber aspectos profundos da sua vida: o seu namorado é o homem certo? A sua melhor amiga anda a sabotá-la? Etc.

E há sempre um estudo de uma universidade qualquer dos EUA que suporta uma “descoberta” sobre a higiene íntima ou “relações”. Por exemplo, estudo indica que só deve lavar o cabelo uma vez por semana. Claro que na edição seguinte podemos ler o oposto. Mas todas sabemos que a ciência é assim.

Cristina

Aposta em capas provocadoras com pessoas famosas. É ideal para pessoas que gostam muito da Cristina Ferreira. Ou que acham que a Cristina Ferreira é a Oprah portuguesa.

Dá para notar que nunca folheei esta revista? Mea culpa, estou a julgar só pela capa. Mas não me apeteceu comprar. Por isso fico-me por aqui.

Conclusão

É só a minha sensação. Mas não deixo de comprar algumas destas revistas femininas.

E a menina?

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