Eu ainda não vi a nova versão d’ “O Rei Leão“. Não sei se o texto é exactamente igual. Mas tenho gostado da versão original durante a maior parte dos seus 25 anos de existência.
Estava na primária quando o filme apareceu nos cinemas, mas nunca o fui ver. Tive colegas que foram. Tinham agendas e canetas d’ O Rei Leão e eu também queria. Mais tarde, eu e o meu irmão tivemos a cassete VHS do filme (e, mais tarde, o DVD). Sabemos as músicas de cor, cantávamos as falas alternadamente. Agora és tu o Zazu, agora sou eu. Sabemos reproduzir as piadas. É um clássico, mas é um clássico lá de casa também. Agora comecei a mostrar o filme à minha filha. Ela gosta sobretudo da primeira cena em que os animais vão chegando. E também do que ela chama “as musiquinhas”. E assim todos tomamos o nosso lugar no Ciclo da Vida.
Peço desde já desculpa pela quantidade desequilibrada de citações do Rafiki. Mas é um macaco cheio de pinta.
Hakuna matata
Por que não começar aqui? É o ex-libris do filme. Sonoramente funciona muito bem, porque soa assim meio pateta alegre, mas assertiva ao mesmo tempo. Começa por ser celebrada como filosofia de vida. Acaba por se revelar uma forma muito cobarde de viver. O que diriam os estoicos?
Pumbaa: What’s eating you?
Timon: Nothing, he’s at the top of the food chain!
É só uma boa piada, que resulta em português e em inglês. Os risos exagerados que o Timon dá ainda a favorecem mais. Não há nada mais cómico do que alguém que se ri das próprias piadas.
Zazu: There’s one in every family – two in mine, actually
Ah, sim. O desgosto com que ele diz isto é-nos familiar. Não é preciso regicídios ou fratricídios para que entendamos do que o Zazu está a falar.
Sarabi: Your son is awake.
Mufasa: Before sunrise, he’s your son.
O típico casamento com filhos, não é? Só faltava queixarem-se do IMI da Pride Rock ou a Sarabi dizer “não foi o que rugiste, foi a maneira como rugiste”.
Asante sana, Squash banana
Não sei o que significa mas aprecio. Qualquer coisa que rime com banana tem alguma graça. Certo?
Pumba: Home is where your rump rests
Ou, em português, na voz imortal do José Raposo, “lar é onde o fofo descansa”. Estou a pensar emoldurar isto e pôr na parede da sala.
Rafiki: It is time.
Esta soa sempre grandiosa. E dá para usar no dia-a-dia. Dá um ar solene a qualquer ocasião. Chegou a hora.
Rafiki: What was that?! Heh, heh. The weather. Pleah! Very peculiar. Don’t you think?
Simba: Yeah. Looks like the winds are changing.
Rafiki: Ah, change is good.
Mudar é bom. Perceber os sinais e aceitar as mudanças. Or something like that.
Rafiki: Oh yes, the past can hurt. But, you can either run from it or, learn from it.
Isto resulta melhor no filme, porque o macaco bate com um bastão na cabeça do Simba. Na primeira vez, ele é atingido e dói. Na segunda vez, ele baixa-se e já não é atingido. Ah!
Simba: Will you cut it out!?
Rafiki: Can’t cut it out! It’ll grow right back!
Esta funciona melhor em inglês. Mas está gira.
Mufasa: You’ve forgotten who you are so you forgot me. Look inside yourself Simba, you are more than what you’ve become. You must take your place in the circle of life.
Estas palavras são ditas por uma espécie de fantasma ou espírito do Mufasa. É isto que empurra o Simba para o seu destino. É isto que o faz crescer.