Ah dieta. Gostava tanto de ser uma pessoa que nunca fez dietas, ou, melhor ainda, uma pessoa que não acredita em dietas. Mas, ao longo dos anos, já precisei de testar várias e cometi muitos erros ao fazer dieta para emagrecer.
Ao escrever este artigo ocorreu-me que um nutricionista devia ter quase um curso de psicologia. Porque ter informação é importante, mas a maior parte dos erros que cometemos não são técnicos. São fraquezas ou formas, digamos, parvas de planear a coisa.
Fazer dieta para emagrecer: um enquadramento
Será que precisamos mesmo de fazer dieta? Este livro diz que não e não é o único. E eu percebo a ideia. A ideia é que o mais importante endereçar é a nossa relação com a comida. Não é seguir dietas restritivas e tentar forçar-nos a cumpri-las. Porque aquilo que nós temos de resolver é mais profundo. E é por isso que quem faz dietas, está sempre a precisar de voltar a fazer dieta. Porque não é sustentável. A verdadeira questão é para que é que eu estou a comer mais do que preciso? O que é que estou a compensar?
O livro também fala em dois tipos de perfis a fazer dieta para emagrecer e a comer compulsivamente: as restritivas e as permissivas. As primeiras acreditam no controlo, usam e abusam da força de vontade, forçam-se a cumprir, a contar calorias. As segundas odeiam regras, suspeitam de planos, usam a comida como uma espécie de anestesia.
Toda a gente tem uma relação diferente com o seu corpo, com a comida e com dietas. No meu caso, estou sempre a precisar de perder uns quilos, e, de vez em quando, lá começo eu uma dieta. Sem dúvida que, ao longo dos anos, fui aprendendo melhor o que funciona para mim. Ainda assim, de vez em quando volto lá. E tenho essa sensação de que, mais do que um plano, precisava de melhorar a minha relação com a comida.
Este é um daqueles assuntos em relação aos quais tentamos sempre encontrar um atalho. A melhor solução é provavelmente mesmo a mais aborrecida: criar bons hábitos e adoptá-los para a vida toda.
Fazer dieta para emagrecer: os meus maiores erros
Fazer dieta para emagrecer já não é fácil, só por si e ainda piora quando cometo um dos erros clássicos. Aqui segue uma lista dos meus três maiores erros crassos em dietas.
1. Começar a uma Segunda-feira
Acho que nunca comecei uma dieta a uma Terça-feira. E certamente nunca comecei nenhuma a uma Sexta-feira. Para isso, começo na Segunda. Parece fazer todo o sentido.
Mas fará? Deixem-me poupar-vos tempo: não. Não faz sentido nenhum. Para já, porque estamos a desperdiçar dias. Se eu tomei a decisão de que vou alterar hábitos alimentares, para quê o compasso de espera? A não ser que vá só consumir batidos de proteína que têm de ser encomendados, o que não é o caso, não faz sentido.
Para além disso, este adiamento reforça a ideia de que tenho de me preparar para a privação que aí vem. E, por isso, geralmente, passo o fim-de-semana anterior a enfardar porcarias porque “sabe-se lá quando vou voltar a comer torradas a pingar manteiga e batatas fritas e chocolates.”
Outro exemplo deste hábito um bocado irracional era quando começava a estudar apenas nas horas redondas. “Por exemplo: são duas e um quarto. Agora mais vale começar só às 15h.” Muitas horas de estudo foram assim queimadas a ver vídeos do Youtube.
O que devia ter feito: tomar uma decisão, fazer os preparativos concretos necessários e começar a implementar. Duh.
2. Usar a comida como escape
É talvez o meu maior problema estrutural. É que isto não é uma questão de inteligência. É uma questão de psicologia, acho eu. Algumas de nós estão mais vulneráveis a estas armadilhas.
Quantas vezes, depois de uma semana de privação e sacrifício, não tenho aquela sensação de “eu mereço” (mau princípio para quase tudo) e não me atiro a um prato bem gorduroso ou açucarado, que nem me sabe assim tão bem?
Quantas vezes, depois de uma pesagem bem sucedida, em que atingi um objectivo, não sinto que mereço uma pausa, uma celebração?
Quantas vezes não estou aborrecida, ou cansada, ou desmotivada, ou a sentir que estou longe de um objectivo que queria atingir, ou com uma sensação qualquer que ainda nem percebi o que é ao certo e lá vou eu comer coisas, quase sem consciência?
O que devia ter feito: o mais difícil, ou seja, investir em perceber em cada momento o que me leva a comer, alterar hábitos da forma como como, prestar muita atenção ao que sinto e não tentar “comer os meus sentimentos”. Mais fácil dizer do que fazer.
3. Ser radical
É mais uma vez a ideia da privação. Cortar coisas, proibir, ser demasiado castradora, nunca funciona comigo.
Uma vez quando era mais nova fiz uma dieta tão rigorosa que dei por mim um dia na missa a pensar quantas calorias tinha uma hóstia. Exacto. Claro que a dieta não durou muito tempo e, ainda bem, porque mais uns meses daquilo e podia começar a desenvolver algum distúrbio alimentar.
Se tivesse algum problema de saúde, acho que a minha cabeça conseguiria ser mais radical, mas como é “só” para emagrecer, sai-me sempre o tiro pela culatra. Farto-me das regras e restrições, começo a pensar que a vida é demasiado curta, que eu já tenho tantas responsabilidades, qual é o mal de encomendar pizzas e pumbas.
O que devia ter feito: ser mais moderada, claro. Pensa em hábitos e não em esforços relâmpago.
E tu? Quais foram os teus piores erros ao fazer dieta para emagrecer?
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5 comments
Olá 🙂
Cheguei aqui após a recomendação que a Andreia Moita fez do teu blog e já estou a adorar.
Confesso que adorei este post. Não sei se me conheces mas cheguei a pesar 156,4kg e este ano fiz uma cirurgia bariátrica, pelo que já perdi 55kg (o meu instagram tem lá tudo @cortezcomz.pt). Mas este tipo de posts são tão importantes.
Beijinho e já te vou colocar na minha lista de blogs a seguir para te poder visitar mais vezes.
Olá Ana Rita! Que bom, fico tão contente! Já vou espreitar o teu blog de seguida 🙂 Realmente esta nossa relação com a comida não é um tema nada simples, pois não? O teu caso, com a cirurgia e tudo, deve mexer também muito com as emoções, nem imagino. Mas espero genuinamente que corra tudo bem! Um beijinho, Francisca
Como te percebo, acho que mais vale termos atenção e escutarmos o nosso corpo e perceber o que nos faz bem
Mesmo!
Francisca.
Não é tema que alguma vez me tenha preocupado, uma vez que nunca ultrapassei o limite desejável neste campo. No entanto, julgo que o bom senso deve imperar nas escolhas/imposições que se tomam. Pelo que vou ouvindo, a perda de peso deve ser muito bem orientada, não suprimindo ou reduzindo os nutrientes essenciais a uma boa saúde ou seja, deve selecionar-se, quantificar, controlar e de vagar, o principal objectivo será atingido, em parte ou no seu todo. Há por exemplo, problemas hormonais associados a situações de excesso de peso e nestes casos, terá de haver um aconselhamento de endocronologista.
Francisca. Continue na linha que entende ser a melhor para si. Está muito bem!
Um abraço Francisca.