Falta de energia e vitalidade? Como melhorar este ano

Falta de energia e vitalidade

Início de ano é sempre boa altura para endereçar um dos meus objectivos permanentes: combater a falta de energia e vitalidade.

É um tema recorrente quando falo com as minhas amigas também, está tudo exausto e nem sempre é fácil descobrir o que nos faz sentir vivas e verdadeiramente ligadas à vida.

Se também tens dias (ou meses) em que acordas cansada, passas a semana em contagem decrescente para o fim-de-semana e quando finalmente tens uns minutos livres, acabas no scrolldown meio numb das redes sociais, junta-te aqui à conversa.

Falta de energia e vitalidade

Li este livro. É daqueles livros fáceis de ler, com capítulos pequenos, linguagem directa e recheado de exemplos. O título foi suficiente para me convencer a clicar “Comprar agora” no Kindle: “Everyday Vitality: Turning Stress Into Strenght”. Samantha Boardman, uma psiquiatra, põe a ciência e a experiência clínica por trás de algumas ideias que tu vais intuindo e doutras em que se calhar nunca tinhas pensado. Dei por mim a sublinhar passagens em todas as páginas. (citações em inglês, porque foi a língua em que li e não queria distorcer os significados)

O livro, publicado depois do início da pandemia, parte da premissa que a energia e a vitalidade são coisas que se cultivam. Que dependem das nossas acções. Toda a gente, diz ela, merece sentir-se viva e energizada e antecipar cada dia com espírito e atenção.

Every single day there are countless scenarios in which we misjudge what will replenish or fortify us.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

Isto é engraçado, porque é verdade. Quantas vezes não espreitas um rede social antes de adormecer, mesmo sabendo que ninguém o recomenda? E esse é um caso em que sabemos que não nos faz bem. Outras vezes nem damos por isso.

Choices like canceling plans with friends, eating comfort food, staying up late watching television, and skipping the gym offer temporary relief but further deplete vitality.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

O que o livro defende é que todas as tuas escolhas que te põem num lugar passivo, isolado ou auto-centrado são inimigas da vitalidade.

A passive existence is not a vital one. Living a life on Autoplay, shrinking from challenges, isolating oneself, dwelling on the past, and burrowing internally remove us from the experiences that vitalize us. Indeed, vitality is a reflection of how we actually choose to live.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

São as tuas acções que definem a tua vida.

Thinking and talking about issues can only take you so far. You can reflect ad nauseam on your internal world, but it’s your actions and experiences in the real world that shape you. We are, in fact, what we do.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

Como combater a falta de energia e vitalidade

O livro é interessante porque toca em imensos tópicos que afectam os teus níveis de energia. Alguns são mais recorrentes (por exemplo, o sono, o exercício, a alimentação). O que queria partilhar aqui são aqueles que mais me surpreenderam ou que são menos óbvios.

Mas começando pelo geral:

(…) the three main wellsprings of everyday vitality: meaningfully connecting with others, engaging in experiences that challenge you, and contributing to something beyond yourself.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

E as implicações são que a tua vitalidade vem de um processo de, digamos, estares viva e ligada à vida. Não vem de uma reflexão teórica, ou de um Eat Pray Love, ou de mudanças radicais.

Vitality involves intersecting with and participating in the world around you. It is not predicated on taking a year off to find yourself. It doesn’t require making a drastic change. You don’t need to lose yourself in self-reflection. You don’t need to overhaul your existence, or reinvent your life, or wait until the chaos surrounding you settles down.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

Everyday Vitality: o que aprendi com este livro

Em geral, este livro é um bom antídoto a certas mensagens que vejo servidas com uma boa dose de açúcar por todo o lado: a ideia de que sozinha consegues potencialmente resolver tudo.

Um dos argumentos mais persuasivos do livro é que a cultura actual (hello, Instagram) está impregnada da ideia de que a solução para o teu cansaço ou vazio está em ti própria. Que o self-care ou o isolamento ou o “pôr-se em primeiro lugar” resolvem. E ela diz que isso não é o que funciona. As pessoas que se dão, que saem de si próprias, que se abrem, são as que descobrem verdadeira vitalidade.

Changing how you talk to yourself is another way to stop yourself from tumbling down the rabbit hole of relentless self-focus

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

Depois também há a ideia de “Be Un-You”. Ao longo de um capítulo, o livro defende que sair da tua cabeça, da ideia que tens de ti própria e daquilo que achas que és, te pode transformar em pessoas melhores, maiores. Se perante um problema eu pensar “o que faria eu?” estou mais limitada do que se pensar “o que faria a Beyonce/a Madre Teresa/a minha mãe/a versão de mim própria que eu gostava de ser?”.

Who we think we are can get in the way of growth and vitality. Rather than to be their “true selves”, which tends to narrow perspective and promote rigidity, I encourage patients to expand how they think about themselves by behaving in ways that may seem out of character

E mais algumas coisas soltas que aprendi ou clarifiquei com este livro:

  • Às vezes desgastam-te mais os pequenos stresses do dia-a-dia acumulados (“micro-stressors”) do que grandes problemas pontuais. Não desvalorizes. É impossível eliminá-los, a forma de lidar melhor com eles é garantir que são compensados por experiências positivas (“uplifts”). Sem esses uplifts, podem gerar stress crónico e outras complicações sérias
  • Esses uplifts raramente são actividades auto-centradas, mas sim “action-oriented and other-oriented”
  • Não é necessariamente improdutivo o instinto que eu sinto de tentar mudar várias coisas na minha vida ao mesmo tempo (em vez de me concentrar numa de cada vez):

Whenever people want to make major changes in their lives, conventional wisdom holds that they should focus on one thing at a time. (…) In fact, a comprehensive approach actually enhances success in all areas.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality
  • As comparações roubam alegria
  • Só mais um motivo para não ter o telefone ao pé quando estou com os meus filhos (ou com os meus pais ou com o meu marido): quando não estamos inteiramente presentes retiramos menos dos momentos que passamos com os outros
  • Discomfort is data
  • O hedonismo é inimigo da vitalidade
  • Aprender é focarmo-nos mais no mundo à tua volta do que em ti própria
  • Se achas que chorar é patético, nunca vais ficar tão aliviada com um bom choro como se achasses que chorar pode ser bom para ti. Se achas que o stress é fatal, não vais sentir tanto o seu potencial efeito energizante:

People who have a negative view of negative emotions tend to be more negatively impacted by them.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality

E uma grande lição de vida, que junta tudo o que eu aprendi de tantas formas diferentes ao longo da vida, mas de que ainda assim me esqueço com frequência:

A carefree life might sound appealing, but it’s often our caring for others – and about causes – that fortifies us.

Samantha Boardman, em Everyday Vitality


E tu? Também te sentes com falta de energia e vitalidade nesta altura do ano? O que te energiza?


Também te pode interessar:

7 desejos de ano novo que não tenho para o novo ano

French Children Don’t Throw Food: book review

Como ler mais este ano: 7 ideias simples para ajudar

Também podes gostar

Leave a Reply

You have to agree to the comment policy.