Discussões de casal… quem nunca? Mesmo aquelas de nós que não são muito dadas a discussões, quando se vive com uma pessoa, quando se convive com os seus defeitos e as suas fragilidades numa base diária, não dá para escapar.
Não só isso, como uma discussão bem discutida pode ser muito útil para fazer a relação avançar, para desenrolar novelos ou para esclarecer assuntos que nunca tinham surgido.
Daí a importância de aprender a aproveitar as discussões de casal para melhorar a tua relação e não para a azedar.
Discussões de casal
Há quem se assuste com a ideia de discutir. Também há quem diga que as discussões são faíscas, um belo sinal de que a relação está viva e é excitante. Eu acho que depende muito das personalidades, das pessoas em causa. Mas não há dúvida que, ao longo do tempo, algumas discussões são inevitáveis. E, até, saudáveis.
De acordo com uma estatística que acabei de inventar, mas que intuitivamente me faz sentido, 90% dos casais discutem pelo menos uma vez por mês. Mais, quando se tem filhos pequenos. E 75% dessas discussões são repetições de discussões que já ocorreram. Ou seja, passamos a vida a desgastar-nos caindo nas mesmas armadilhas.
Discussões de casal: dicas para discutir bem
Posto isto, mais importante do que a frequência das discussões que existem, é aprender a discutir melhor, a discutir bem. Porque é algo que se treina e que se aprende. E que, com jeitinho, até pode servir para melhorar a relação.
Por isso, deixo-te aqui algumas dicas para, quando tiver de ser, discutires bem, inspiradas na minha experiência e no que vou lendo e tentando aplicar a mim própria.
Escolhe a melhor altura
Ou seja, escolhe a melhor altura para os dois. O objectivo de uma discussão de casal não é desabafares. O objectivo é chegar a um entendimento, dizer o que é importante que seja dito, mas não mais. Não se ganha nada em dizer coisas por impulso, sobretudo as que podem magoar. Mais vale escolher uma altura em que as cabeças estejam no sítio, em que haja disponibilidade. E fazer uma pausa, se for necessário.
Diz como te sentes
Em vez de dizeres “és tão insensível” diz antes “teres chegado atrasado deixou-me triste”. Para já, porque assim não podes ser contradita. Ah! Mas, bem mais importante, porque nem sempre as pessoas agem com o intuito de nos magoar. Às vezes, não sabem o efeito que determinada atitude teve em nós e nós não sabemos explicar.
Aprende as linguagens de cada um
Há um livro que já me foi recomendado várias vezes e que vou ler muito em breve e que explora precisamente isto: todos temos diferentes linguagens. Aquilo que é muito importante para ti pode não ser para a pessoa com quem estás a discutir. E não vale a pena estares sempre a carregar numa tecla que para a outra pessoa não tem significado. Tens de falar a língua do teu parceiro e ele a tua, para se entenderem.
Faz os básicos
Parece óbvio, mas às vezes uma pessoa, no meio do seu orgulho ou da sua dor, nem isso faz. Ouve. Ouve mesmo o que está a ser dito. Ouve e mostra que estás a ouvir. Não interrompas. E confirma que percebeste bem o que estava em causa para o teu parceiro. Pede desculpa, se se aplicar um pedido de desculpas. (Já agora, cá para mim, sempre que fizeste alguém sentir-se mal, mesmo que sem querer, o pedido de desculpa aplica-se.)
Evita dizer “sempre” e “nunca”
Porque, de certeza que vais errar, ser injusta ou perder credibilidade. E porque geralmente recorremos a generalizações quando queremos ter razão. Por exemplo, “tu nunca me ouves” ou “és sempre tão frio”. Já perdeste o interlocutor, porque, põe-te no lugar da outra parte, a tentação é responder à letra. É dizer “isso não é verdade”, certo? Quase nada, muito menos de cabeça quente, merece ser acompanhado de um “quase” ou de um “nunca”.
Cara-a-cara é melhor
O digital tem muitas vantagens e às vezes nem há outra opção. Mas é preferível, em geral, uma conversa cara-a-cara, do que alimentar discussões por mensagens. Para já, ganha-se contexto. E também se ganha alguma, digamos, humanidade, é uma pessoa ali à tua frente, e tu também és uma pessoa. Isso torna a conversa mais real, menos fria.
Não discutas por discutir
Discussões de casal podem ser importantes e saudáveis, mas guarda a tua energia para ocasiões ou motivos importantes. Não discutas por discutir. Identifica padrões e não repitas a mesma discussão todos os dias às nove da noite ou todos os Domingos à tarde.
Faz pedidos em vez de te queixares
Li este conselho algures e devo dizer que tem funcionado muito bem para mim. Para já, porque não se ganha nada, nem tu, nem a outra parte, com queixas e lamúrias infrutíferas e cansativas. Em vez disso, pensa exactamente no que te poderia ajudar, no que sentes que falta, no que poderia desbloquear, e pede-o. Muitas vezes, é algo que, para tua incredulidade, nunca ocorreu à outra parte sequer. E até pode ser algo que seja fácil de ser dado. Mesmo que não aconteça, ou que não aconteça logo, disseste o mais importante.
Tenta retirar alguma conclusão prática
As discussões são óptimas oportunidades para fazer mudanças numa relação. Nunca deixes uma discussão importante ir e vir sem tirares uma conclusão, de preferência, em conjunto com a outra parte. Mesmo que pareça uma conclusão pequena, por exemplo, “mais vale não vermos jogos de futebol/debates políticos em conjunto”. Uma relação duradoura vive de compromissos entre seres imperfeitos. Compromete-te.
E tu? Como lidas com as discussões de casal?
3 comments
Francisca.
Muito bom senso impera na selecção dos itens deste Post!
Por vezes, há pequeníssimos deslizes, dada a nossa absorvência de âmbito profissional e familiar mas facilmente/rapidamente ultrapassados. A experiência de uma vivência de 52 anos, sendo 50 deles passados como casal, permite-me exprimir esta opinião.
Um abraço Francisca!
É uma experiência inspiradora! Beijinho
” O que sustenta uma relação não é o amor, é o amar”