Como melhorar a tua relação com o dinheiro em 5 passos

relação com o dinheiro

Uma das coisas mais importantes que tens de aprender aos 30 é como melhorar a tua relação com o dinheiro. O dinheiro é um tema difícil, porque mexe com emoções e com ideias pré-feitas que temos sobre muitas coisas: estatuto social, tempo, sucesso, diversão, orgulho, tradição.

Por isso, venho aqui resumir-te as principais ideias que tirei de um livro engraçado que li sobre o tema. Chama-se Happy Money, da Elizabeth Dunn e Michael Norton, e penso que não existe tradução portuguesa ainda.

O que te trago aqui são ideias concretas, que te podem ajudar a desfrutar do dinheiro que tens para gastar. Vamos a isso?

Como ter uma boa relação com o dinheiro?

O dinheiro é cada vez mais um dos maiores tabus. Não passou a ser mais tabu, acho eu, os outros temas é que foram deixando de o ser. As mulheres falam sem complexos das suas faltas de autoestima, da sua situação familiar, mostram as estrias ou celulite, os seus fails na cozinha ou nos trabalhos manuais para os filhos, duvidam publicamente do seu papel como mães ou mulheres. Mas ninguém diz quanto é que ganha.

Atenção que eu sou igual. É cultural, em parte. Fomos ensinadas que falar sobre dinheiro era deselegante ou perigoso. Que não se fazia. Ainda assim, ou talvez até por causa disso, deves trabalhar também esta vertente central do dia-a-dia.

Ter uma relação saudável com o dinheiro e saber como o usar da melhor maneira afecta-te profundamente e justifica a reflexão.

A relação com o dinheiro afecta a tua felicidade?

Por vezes, é difícil para quem conta com o seu salário para pagar as continhas do mês acreditar no que a investigação tem provado. Isto é, que a partir de um certo nível de rendimento, a quantidade de dinheiro que tens ou que ganhas por mês não influencia a tua felicidade.

Ter dinheiro pode não te tornar mais feliz. Mas a forma como gastas o teu dinheiro influencia mais a tua felicidade do que a quantidade de dinheiro que tens. Relê a frase anterior.

E é precisamente essa a tese do livro Happy Money.

Para além das implicações para cada uma de nós, o livro também tira algumas conclusões para empresas, com exemplos interessantes.

Como melhorar a relação com o dinheiro? 5 coisas que aprendi com o livro Happy Money

Pára de comprar coisas se te queres sentir melhor. Sabes aquela ida à Zara, “porque tu mereces?”. É tipo coçar a comichão. Parece que alivia, mas no fundo até piora, não é?

O que este livro defende é que há conclusões inequívocas de vários estudos científicos sobre a melhor forma de gastar o dinheiro que tens. E há muita da pesquisa que se aplica a vários aspectos da vida.

Aqui seguem os 5 princípios base do livro Happy Money.

1. Compra experiências, não coisas

É um bocadinho intuitiva esta ideia, não é? Até está na moda oferecer experiências. Uma experiência ganha valor com a passagem do tempo, enquanto que um bem material tem tendência ir desvalorizando. Mas será que pomos mesmo isto em prática? Comprar uma casa traz-nos felicidade, por exemplo?

Uma pessoa habitua-se a tudo, inclusive ao conforto. Ao fim de um tempo já não valorizas tanto o jacuzzi. Quer isto dizer que não deves comprar uma casa? Depende, claro. Mas dá que pensar.

Twenty years from now you will be more disappointed by the things you didn’t do than by the things you did do.

Mark Twain

Algumas ideias interessantes:

  • O remorso de comprador é maior para bens materiais do que para experiências
  • É mais difícil fazer uma comparação objectiva entre duas experiências (viagens, sobremesas) do que entre dois bens (telemóveis, carros). Esta comparação tantas vezes destrói o nosso prazer (“we are happy with things, until we find out there are better things”)
  • Reflectindo sobre decisões passadas, no que se refere a experiências, o maior arrependimento da maior parte das pessoas é não ter comprado…
  • …mas, falando de compras de bens materiais, o maior arrependimento já é ter comprado algo que preferiam não ter comprado
  • Uma experiência é tão mais valiosa quanto promova a conexão social, seja memorável, esteja ligada à tua noção de identidade (real ou desejada) e seja única e de difícil comparação com outras opções

2. Torna os teus gastos mais especiais

A triste e humana verdade é que quanto mais habituada estás a uma coisa, menos a valorizas.

Alguns exemplos giros aqui:

  • Sabias que a maior parte dos habitantes de Londres nunca visitou o Big Ben (e quantas de nós fomos à Torre de Belém)?
  • Vários estudos mostram que pessoas que recebiam vales, por exemplo, de uma pastelaria, para gozar durante períodos mais longos (2 meses) usavam menos do que as que recebiam vales que expiravam em 3 semanas

É também a ideia de que uma coisa que pode ser feita em qualquer altura não é feita em altura nenhuma.

Por isso, introduz alguma novidade em algum prazer a que estás bastante habituada (por exemplo, a companhia de uma pessoa importante) ou restringe alguns prazeres (só posso comer sushi 2x por mês) para retirares mais prazer dessas experiências. Ainda és capaz de ver uma temporada da tua série preferida ao ritmo de um episódio por semana?

3. Compra tempo

Tempo é dinheiro, já nos fartámos de ouvir isso. Se tiveres mais dinheiro, podes pagar a alguém para fazer por ti tarefas que não te agradam: esfregar casas-de-banho, passar a ferro. Ou pagar para fazeres menos esforço: mudar de transporte 3 vezes para chegar ao trabalho, etc. Mas então por que é que as pessoas mais ricas nem sempre passam o seu dia a fazer coisas agradáveis?

Embora o dinheiro possa servir para comprar aparelhos e tecnologia que supostamente libertam tempo, isso muitas vezes não se traduz em mais felicidade. Esse tipo de compras acaba muitas vezes por aumentar a sensação de impaciência. E ficas sempre à procura do próximo gadget, da próxima app.

Como resolver? Transforma decisões sobre dinheiro em decisões sobre tempo. Está provado que tentamos muitas vezes poupar quantidades pequenas de dinheiro sacrificando muito tempo, por exemplo, um voo com várias escalas.

How will this purchase change the way I use my time? When people focus on their time rather than their money, they act like scientists of happiness, choosing activities that promote their well-being.

Happy Money

Outro conceito super interessante aqui aflorado é que vais sentir que tens mais tempo se abdicares dele. É um paradoxo fascinante, que se aplica ao tempo e ao dinheiro. Diz que assumes que, se uma coisa é valiosa, é porque deve ser escassa. Se fizeres voluntariado, por exemplo, o teu subconsciente aceita que deves ter uma abundância de tempo. É todo um outro artigo que tenho de escrever!

4. Paga agora, consome depois

Ninguém gosta de pagar. Há quem chame à conta que chega no final da refeição “a dolorosa”. A verdade é que a sociedade actual cada vez cria mais mecanismos para consumires primeiro e pagares depois. Para além dos impactos financeiros (e não só) terríveis que daí podem advir, também há impactos psicológicos.

Vais desfrutar mais da compra, se já não estiveres preocupada com o seu pagamento ou com a dívida que estás a gerar.

Na verdade, quando pagas antecipadamente, podes “comprar” mais felicidade, mesmo gastando menos. Quando adias o teu usufruto de uma compra, crias a oportunidade de antecipar o prazer, que é um prazer por si só, sem as intromissões da realidade.

(…) holidays provide the most happiness before they occur. And research shows that waiting, even briefly, for something as simple as a piece of chocolate makes it taste better when we get it.

Happy Money

A antecipação pode ser tão agradável como a própria compra, às vezes até mais. Já dizia a minha Avó. E, a não ser que a tua realidade seja mesmo muito diferente das expectativas, o teu cérebro vai tender a alinhar as duas e globalmente vais desfrutar mais.

Isto ainda pode gerar outros benefícios. Pessoas que em vez de cartões pagavam com dinheiro na mercearia, faziam compras mais saudáveis e menos caras.

5. Investe nos outros

Gasta o teu dinheiro com outras pessoas. Simples. Simples demais? Há todo um corpo de investigação que conclui que gastar dinheiro em ti própria não afecta a tua felicidade. Mas que quando compras para outros ou doas, isso já afecta. Uau. Isto também está ligado ao paradoxo da abundância e escassez. Quanto mais damos, mais sentimos que temos. Bonito, também.

New research demonstrates that spending money on others provides a bigger happiness boost that spending money on yourself.

Happy Money

O livro especula se esta alegria gerada pelo investimento nos outros (desde o Warren Buffet a doar 99% da fortuna até a crianças a partilhar bolachas) não será intrínseca à natureza humana.

Quem sabe. Mas não é bonito?


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E tu? Que experiências já tiveste que melhoraram a tua relação com o dinheiro?


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