Como fazer uma life audit durante o isolamento social

como fazer uma life audit

Estamos todas fechadas em casa, fartas e, possivelmente, com fome. Tenho uma proposta: por que não aproveitar esta fase isolamento social para aprender como fazer uma life audit?

Pensa bem, no fundo, é a oportunidade de uma vida. Porque nos força a parar. Algo que, se tudo corresse bem, conseguiríamos fazer de vez em quando. Mas que, na prática, é muito difícil. Sem querer romantizar a pandemia, esta quebra na nossa rotina louca é também uma oportunidade.

Assim como não deves ser pressionada a ser constantemente “produtiva”, também não tens de pôr a cabeça em mute e viver em piloto automático. Por isso, por que não aproveitar esta fase e debruçarmo-nos sobre o que verdadeiramente importa: o que é que andamos aqui a fazer?

O que é uma life audit?

Apesar do nome pomposo, uma life audit significa pensares em profundidade sobre a tua vida. E contrastares onde estás com onde gostavas de estar. O mais importante é identificar onde gastas os teus recursos (tempo, dinheiro, energia mental) e de que forma é que isso está alinhado com as tuas prioridades.

Não sabes quais são as tuas prioridades? Começa por aí.

Dito assim até parece simples. E não é. Nem é suposto ser!

Ou, por outra, depende da clareza e honestidade com que fazes esse exercício. Eu tenho dias em que parece que vejo com zoom tudo o que está “errado”. E também há meses inteiros que passam sem eu quase dar por eles. A parte mais desafiante é aproveitar todas essas sensações e intuições para tentear chegar a conclusões verdadeiras.

Neste processo, deves olhar para a tua situação familiar e profissional, para a forma como ocupas o teu tempo ou para o dinheiro que tens no banco (ou que estás a dever ao banco, ou que devias ter no banco). Podes pensar nas tuas relações ou nas tuas ideias quanto à maternidade, por exemplo.

Como fazer uma life audit aos 30

Os 30s são uma boa altura para fazer este tipo de reflexão por vários motivos. Provavelmente, já trabalhas há alguns anos. Não vives com os teus pais. Já tens amigas casadas e/ou com filhos. Se calhar tu própria és casada e/ou tens filhos, ou estás a pensar nisso.

Dito de uma forma muito simples: tu não queres chegar aos 50 (ou aos 90) e pensar, mas o que é que eu andei a fazer a vida toda?

Não te preocupes que não estamos a falar de acrescentar mais To Dos à lista. Até estamos a falar em tirar To Dos da lista, talvez. Por norma, andamos todas a correr de um lado para o outro e para quê? Porquê? Estás a gastar a tua energia e o teu tempo no que mais valorizas?

Tens também de perceber se estás a viver em piloto automático e em que áreas. Viver intencionalmente não é fácil de conseguir no mundo em que vivemos. Mas é a única forma de honrar a vida.

Por isso, aproveita esta década abençoada e pára. Pousa o telemóvel (depois de terminares de ler o post, claro. Estava a dizer simbolicamente). Respira, mesmo aquela respiração à séria, sabes? Olha para ti do ponto de vista dos teus futuros 65 anos. Ou pelos olhos dos teus filhos. E leva-te a sério.


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Exemplos de temas sobre os quais deves reflectir

Numa life audit, deves pensar sobre as principais áreas da tua vida:

  1. Casamento ou relacionamento (ou falta dele)
  2. Emprego (ou falta dele) e carreira de uma forma mais abrangente
  3. Situação e relações familiares
  4. Saúde, forma física e bem-estar
  5. Amizades e outras relações importantes
  6. Estilo de vida (casa, viagens, tempo livre ou falta dele)

Como é que te sentes? Em que ponto é que estás? Como é que isso te frustra?

Perguntas para te ajudar a reflectir

E aqui seguem alguns exemplos de questões que podes colocar a ti própria para ajudar a reflexão:

  • O teu trabalho energiza-te, é-te neutro ou desaponta-te?
  • Quem são os meus melhores amigos?
  • Que aspectos da tua vida mais te entusiasmam?
  • Que aspectos da tua vida mais te criam ansiedade?
  • O que é que podias dispensar na tua vida?
  • Há alguma coisa que é que podias introduzir na tua vida que te trouxesse alegria e/ou sentido?
  • O que é que pensaste que querias que acontecesse até aos 30 e não aconteceu? O que podes reajustar?

É o tipo de exercício que te pode levar a identificar pessoas tóxicas na tua vida. Ou a necessidade de mudar de emprego. Ou um sonho que tinhas algures lá para trás do cérebro e que nem te apercebias que estava tão presente.

Como aproveitar o isolamento para fazer uma life audit

Dá-te tempo

Isto é algo que não se resolve em meia hora, enquanto o jantar está no forno, OK? Foca-te, mas não te pressiones.

A verdade é que não fazes ideia o que vais descobrir sobre ti própria, nem quanto tempo tudo pode demorar. Estabelece um prazo, mas folgado. Um fim-de-semana, por exemplo.

Não desprezes pensamentos ou sensações. Aproveita cada instinto, mesmo que não saibas para quê, ou que não te pareça importante.

Sê honesta contigo própria

Se o exercício estiver a ser fácil demais, desconfia. Ou seja, se estiveres a achar que está tudo óptimo e tudo o que gostavas só não se concretizou por causa de factores externos, fica alerta! Não fujas de um tema que, mesmo sem saberes porquê, te deixa nervosa ou triste. Não te ignores. Há algo aí a explorar. Cria espaço.

É capaz de haver por aí algumas almas mesmo em paz, que não têm desejos por realizar. Mas a maior parte de nós tem imensas frustrações. Muitas delas são pequeninas. Às vezes esse é o problema. “Que direito é que eu tenho de me queixar?” E depois pensamos nas mulheres afegãs ou do Sudão e pronto está o caldo entornado.

Pensar no que pode dar sentido à tua vida não é um luxo. É um direito. E acredita que quanto mais realizada te sentires mais o mundo vai beneficiar contigo também. É win-win.

Define um plano de acção

Ou vai fazendo experiências. Podes ter já tudo muito claro na tua cabeça: o que vais fazer e como. Nesse caso, sugiro que escrevas o teu plano. E o teu plano pode não ser mais do que uma lista das tuas prioridades para este ano. Se só fizeres 3 coisas, o que é que não queres mesmo deixar de fazer.

Mas também pode acontecer que tenhas claro apenas o ideal, mas não percebas como podes lá chegar. Aí é importante ir testando. Pensa no que seria mais óbvio alguém no teu lugar fazer e testa.

Por exemplo, queres usar mais a tua criatividade, mas não sabes como. Não te despeças já para ires abrir um atelier no Bairro Alto. Primeiro, experimenta um curso ou workshop de pintura. Ou compromete-te a fazer uma peça de cerâmica por semana. Vê como te sentes, se corresponde às expectativas. Vê se serve. Se sim, aprofunda. Se não, experimenta de outra forma ou algo diferente.

Revê e reajusta conforme necessário

Não te esqueças de ir revisitando as conclusões a que chegaste e os planos que fizeste. Auto-responsabiliza-te.

Se fores como eu e precisares de um livro para estruturar os pensamentos, lê este livro. Ou então vê este vídeo em que a Arianna Huffington fala de como fazer uma life audit a ajudou. No caso dela, esta reflexão foi provocada por um evento dramático. Ela recomenda que não seja preciso chegar a esse ponto para pensar a sério.

Sê exigente, mas não demasiado dura contigo própria. Como diz o anúncio, porque tu mereces.


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Como é que uma life audit te poderia beneficiar, sobretudo neste período de isolamento? Se já pensaste na tua vida, como foi essa experiência? O que é que descobriste?


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