Auditoria ao blog
Auditoria é uma palavra meio feia, não é? Começamos a imaginar contabilistas com gravatas pirosas e calculadoras na mão. Ou sou só eu? No entanto, estou numa fase em que, por vários motivos, faz sentido reflectir um pouco no que tem sido manter este blog e no que aprendi até agora. Vou terminar a licença de maternidade e perder alguma disponibilidade mental. Não tenho tantas ideias nem ímpeto quando estou sempre a correr.
Este blog começou em 2018. Publiquei alguns posts e depois fiquei à espera de bebé e parece que enjoei também do blog. Parei de escrever para o blog durante a gravidez porque não me apetecia mesmo.
Desde que o bebé nasceu, voltei à escrita de posts e tem sido um esforço mais regular, o que me ajuda talvez a perceber melhor alguns padrões. Prometi a mim própria que tinha de publicar com regularidade, mesmo que os posts não estivessem perfeitos. Mesmo que faltasse aprofundar algumas ideias, fazer mais alguma pesquisa, substituir algumas palavras. Tenho centenas de ideias pendentes, estou sempre a ter mais. Se nunca passar das ideias, nunca crio nada. Sou só uma pessoa com ideias. As palavras, ainda que imperfeitas, fazem parte do caminho.
A minha maior alegria é essa: tenho escrito. A minha segunda alegria é que sinto que estou a construir algo meu, com cada palavra, cada post. Também souberam muito bem os pontuais feedbacks que tive de pessoas que eu não sabia que liam o blog. Foi um grande bónus.
Aqui seguem as principais coisas que aprendi ao longo deste tempo.
Óbvio para mim
Há coisas que me pareciam tão óbvias que achava que quase podia apagar aquela frase. E depois vem alguém e diz que se identificou imenso precisamente com aquilo. Ou que nunca tinha reparado. E depois há outras coisas que eu escrevo a pensar que alguém vai achar extremamente interessante e ninguém liga nenhuma. É muito engraçado para mim. Há um mundo para além do que está dentro da minha cabeça e é por isso também que escrevo no blog e não apenas num diário. Se tudo correr bem, isto é um bocado recíproco.
Lost in translation
Comecei com toda a ambição de quem começa. Porquê escrever só em português? Escrever só em inglês também não me parecia bem. Eu sou muito portuguesa. Mas um blog bilingue poderia chegar a mais gente. E eu própria gosto muito de vários sites e blogs que não são portugueses. Então instalei um plugin que me permite ter o blog em português e inglês. E depois os posts começaram a sair-me sempre em português. E traduzi-los, embora fácil, era uma seca. E mais que isso, alguns deles nem ficariam muito bem traduzidos, como este ou este, porque estão cheios de expressões que são portuguesas. E agora não sei.
As pessoas gostam de detalhes
Tenho uma tendência para ser pouco detalhada quando escrevo. Procuro generalizações e evito ser concreta e pessoal. Tenho tentado dar a volta a isso no blog. Especifico que livro estou a ler, que banda ouvia na minha infância ou que medo concreto me transtornou. E a verdade é que as pessoas reagem a isso. As pessoas dizem, do que tu foste falar… Westlife! Há uma entrevista do Alta Definição ao Miguel Araújo de que eu gosto muito. O Daniel Oliveira pergunta-lhe “Por que é que te interessa tanto o detalhe?”. E ele diz o seguinte:
Porque eu acho que as pessoas se prendem com o detalhe. Eu pelo menos prendo-me muito. Isso é uma coisa de um escritor que aconselhou o Leonard Cohen. Ele disse-lhe “gostei muito do que li mas acho que tens de ser mais detalhado. Não podes dizer árvore, tens de dizer pinheiro, nogueira.” Porque é completamente diferente, as pessoas acreditam muito mais, relacionam-se.
Humor para totós
Como não tenho muito feedback, quer em quantidade quer em frequência, não posso concluir com certezas. Mas os posts que achei que eram mais cómicos, como este ou este, não geraram reacções. Por outro lado, quando publicava algum mais pessoal, como este ou este, ia recebendo algum feedback, as pessoas tinham lido e lembravam-se dos detalhes. Claro que quando digo “pessoas” estou a referir-me a uma ou duas almas para além da minha mãe e do meu marido. Mas uma pessoa tem de começar por algum lado. Isso não significa que deixe de escrever posts cómicos. Eu divirto-me bastante a escrevê-los. Mas dá que pensar.
Maiores dificuldades
Promover o blog é difícil para mim. O blog tem uma conta de Instagram e pouco mais e mesmo aí não estou a dar tudo. Por um lado, porque não é o que eu mais gosto. Nem é onde me apetece investir mais tempo. Acho uma piada moderada às redes sociais. Também não tenho muito jeito para ser social, nas redes ou fora delas. Interagir cansa-me, a verdade é essa. E ainda por cima este tipo de interacção para “promover” coisas. E depois é um sentimento misto, porque eu gostava de ter uns 1000 seguidores, por exemplo. Mas ao mesmo tempo, confesso, é um alívio ter só 200 seguidores nesta fase. Se fossem imensos, não sei se era possível eu ficar duas semanas sem publicar nada. Mas enfim.
O futuro
Tendo dito isto, olho para o que escrevi e não consigo evitar reparar nas falhas. Aqui e ali faltou-me aprofundar melhor o tema. Fui muito superficial. Ainda não estou onde quero estar. Mas isso faz parte do meu pacto pessoal. Aceito que não vou publicar apenas o que me parece estar óptimo. E também aceito que posso fazer o melhor que consigo neste momento e, mais tarde, vir a editar ou a melhorar os posts antigos. O óptimo é inimigo do bom e eu estou aqui para a maratona. Espero daqui a 6 meses e daqui a 6 anos estar muito melhor!
Obrigada a quem lê!
2 comments
Parabéns!!
Nunca comentei, mas sigo atentamente o teu blog. Espero que continues a escrever e a fazer o que tanto gostas, apesar de em breve ires ter menos tempo para te dedicar ao blog.
E daqui a 6 meses, e também daqui a 6 anos estejas a fazer mais auditorias 🙂
Muito obrigada! Que bom haver seres humanos que lêem! Yupi!
Beijinho